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Aceitação

As barreiras de problemas físicos alinhados ao

psicológico sob o olhar de jovem com nanismo

“Quando a gente começa a se aceitar, começa a aceitar o nosso problema, quando a
gente encontra… a gente tem que entender que ninguém é feliz o tempo todo”. A frase é de Paola Caetano de 22 anos. 

Em um dia ensolarado e em uma conversa com tom de confissão, Paola falou de depressão, aceitação e nanismo, condição que às vezes a coloca para baixo pelo julgamento das outras pessoas. O olhar da jovem mostra timidez e desconforto ao contar que descobriu que tinha depressão no último ano do ensino médio, quando a mãe percebeu que ela não tinha mais a mesma vontade e disposição para as tarefas normais do cotidiano: “Eu tinha vontade de dormir bastante porque seria uma forma de eu fugir da realidade, desse desânimo passar. Eu achava que ficando em casa seria melhor e eu acabei me afastando de muitos dos meus amigos”.

O fim da escola é um momento em que os adolescentes passam por muitas transformações e descobrir a doença nessa época foi um reflexo de todas essas mudanças para Paola que sentia o peso do olhar das pessoas sobre si por conta do nanismo. “A grande causa [da depressão] era a não aceitação de como eu era e principalmente porque eu sentia que as pessoas não me aceitavam, então eu mesma passei a me ver diferente. Eu acreditava que eu tinha que melhorar, que as pessoas estavam certas, mesmo me tratando, eu acreditava nas pessoas quando diziam que era frescura”, conta deixando o olhar fugir da câmera e as mãos entrelaçadas em tentativa de deixar a timidez de lado. 

Paola conta que, depois da formatura, ela e a mãe procuraram um psicólogo e a jovem começou a cuidar da depressão, a acompanhar o próprio cérebro de forma que, hoje, é capaz de dizer que a doença “tem cura”. A dificuldade de entender o que era aquele sentimento de angústia esteve alinhada ao julgamento das pessoas de que depressão é frescura. “Houve muitos julgamentos, que era frescura, que eu não queria fazer as coisas, que eu não queria ter vontade, que eu só queria dormir. Mas na verdade não era isso, quando a gente está com depressão, a vontade de fazer as coisas é mínima”, diz, já se sentindo mais a vontade, com os pensamentos fluindo com mais facilidade. 

Quando perguntada sobre o que é depressão, com a expressão mais séria e buscando lembrar de seus sentimentos, Paola relata: “É como se todo seu ânimo e toda a sua vontade de fazer as coisas desaparecem”.

Hoje, o olhar de satisfação, traduz a fala de que esses momentos ruins são cada vez mais raros: “eu já sou mais motivada com as coisas, em relação a faculdade e ao trabalho.  Procurar psicólogo, procurar uma ajuda foi o que me tirou da doença. A depressão parece que é uma doença que não tem fim, mas passa, com ajuda, com amigos, com a família, principalmente com a ajuda psicológica”, diz com um leve sorriso e ainda completa: “Hoje eu tenho essa noção de que é normal ter problema, não é nenhuma coisa ruim”. 

Reportagem multimídia produzida por Anna Beatriz Dias, Giulia Belló, Júlia Faber e Juliana Botelho, para Trabalho de Conclusão do Curso de Jornalismo/ ESPM-Rio.

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