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Autoconhecimento
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Maria Clara conta como convive e tira

forças da depressão

“Minha cabeça nunca tá 100%, eu estou sempre oscilando”, afirma Maria Clara Barth, estudante de 18 anos que sofre de depressão há mais de dez anos. A timidez é uma marca forte da jovem que compartilhou sua história no Twitter e se surpreendeu com o engajamento de tantas pessoas, a identificação e troca de experiências que o tuíte gerou. Foram 63,5 mil curtidas e quase 10 mil retuítes em menos de dois meses. Lidar com a depressão desde cedo a tornou forte e fez do seu autocontrole a chave para os momentos de crise."

“Hoje consigo lidar bem melhor [com as crises], porque aprendi como funciona a minha própria cabeça e meu corpo. Então quando vem uma crise, sei que fico bem triste e não tenho vontade de fazer nada. Eu sei que aquilo dura um certo tempo e não é mais um motivo para me desesperar e achar que vou ficar assim para sempre”, afirma.

Maria Clara teve sua primeira crise depressiva aos sete anos. “Meus pais perceberam que eu era muito quieta, não interagia muito, chorava à toa”, conta ela, que começou a ter que lidar cedo com seus medos e inseguranças muito intensas.

Logo que perceberam um comportamento triste e distante da filha, os pais de Maria Clara a levaram a um psicólogo, que diagnosticou e começou o tratamento da depressão. Desde então, foi a alguns psicólogos e ao neurologista, oscilando entre tempos de tranquilidade e momentos de crise. Ao entrar na pré-adolescência, ela conta que entrou em sua segunda crise séria, que a deixou muito frágil. “Eu não conseguia passar um dia inteiro sem chorar. Era uma tristeza que vinha do nada, sem nenhum motivo aparente. Eu simplesmente estava sempre triste”, lembra.

Entre as mãos inquietas a gesticular e um nervosismo tímido que apareciam o tempo todo durante o depoimento, Maria Clara relata que, conforme as crises foram passando, ela começou a entender como a depressão se manifestava dentro da sua mente, e a busca por autoconhecimento se tornou cada vez mais natural e necessária.

“Minha cabeça nunca tá 100%, eu estou sempre oscilando”, afirma Maria Clara Barth, estudante de 18 anos que sofre de depressão há mais de dez anos. A timidez é uma marca forte da jovem que compartilhou sua história no Twitter e se surpreendeu com o engajamento de tantas pessoas, a identificação e troca de experiências que o tuíte gerou. Foram 63,5 mil curtidas e quase 10 mil retuítes em menos de dois meses. Lidar com a depressão desde cedo a tornou forte e fez do seu autocontrole a chave para os momentos de crise."

As crises se tornaram mais previsíveis no caso da Maria Clara, mas não deixam de ser um momento de resistência a cada vez que tomam a mente e a vida das pessoas que têm depressão. Ainda que seja possível compreender o próprio corpo, cada um tem seus maiores temores e sente de uma forma diferente: “acho que o pior sentimento quando estou em crise é que eu me sinto completamente sozinha. Sinto que não tem ninguém ali para me ajudar e me dar apoio”, relata Maria Clara, revelando que a solidão é um desses medos, em seu caso.

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Tweet de Maria Clara, compartilhando sua história

Maria Clara chegou a ser reprovada um ano na escola, em um momento em que a doença tomou conta de sua rotina, influenciando no rendimento escolar. “Quando eu estava em momentos de crise, não tinha vontade nem de ir para a escola. Então, mesmo quando eu estava na escola, era como se eu não estivesse ali. Era um dia que não fluía”, lembra ela.

As instabilidades psicológicas causadas pela depressão afetam o comportamento social, podendo provocar um certo afastamento, dependendo de como for o estágio da doença e o entendimento das pessoas próximas. “Para quem não tem depressão é muito complicado entender como lidar com aquela pessoa. São coisas do dia-a-dia que vão acumulando e a forma de lidar para uma pessoa que não tem depressão seria uma, mas para a pessoa com depressão parece que é três vezes pior”, afirma Maria Clara.

Reportagem multimídia produzida por Anna Beatriz Dias, Giulia Belló, Júlia Faber e Juliana Botelho, para Trabalho de Conclusão do Curso de Jornalismo/ ESPM-Rio.

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